NUCLEO DE PROTEÇÃO AOS QUEIMADOS (NPQ)
Ong auxilia recuperação física e emocional de queimados
Panela no fogão com água quente para cozinhar. A criança, curiosa, quer ver o que é. Pega um banco e sobe. Desequilibrada, cai e derruba a panela junto.
Para prevenir acidentes como estes, dar suporte e colaborar para a plena reabilitação de suas vítimas, nasceu, em 1999, a organização não-governamental Núcleo de Proteção aos Queimados (www.npq.org.br), em Goiânia (GO).
Segundo sua diretora, Thereza Piccolo, há 20 anos, 70% dos casos atendidos pelo Pronto Socorro de Queimados da cidade ocorriam dentro de ambientes domésticos, dos quais 49% eram com crianças menores de 14 anos. Para minimizar o problema, palestras para a população e distribuição de cartilhas em escolas começaram a ser feitas durante a década de 1980, antes mesmo da regulamentação da ong.
"Identificamos os 10 bairros de onde mais vinham acidentados. Fomos para as escolas dessas regiões e apresentamos formas de prevenção e socorro", explica a diretora contando que o trabalho preventivo já alcançou 22 mil crianças. Tal trabalho fez cair a incidência de acidentes para cerca de 30%.Por falta de recursos, esse trabalho começou a partir de ações independentes, na década de 1980, não ligadas ao Pronto Socorro ou a uma instituição formal.
Só em 1999, depois de conseguir recurso suficiente, o NPQ se instalou em um imóvel pequeno e estabeleceu-se juridicamente. A partir daí, a procura por parceiros ficou mais intensa e o número de projetos aumentou, ampliando sua inserção para além da prevenção.Um dos exemplos foi um convênio com o qual se conseguiu recurso suficiente para a realização de cerca de mil cirurgias reconstrutoras.
Delas, já foram realizadas cerca de 200. Depois da operação, "o fechamento da ferida não determina ao final do processo. Resquícios ficam tanto no emocional da família, quanto do paciente, pois ele encontrará dificuldades para se inserir na sociedade novamente", diz a médica.Diante disso, atendimentos psicoterápicos e psiquiátricos começaram a ser realizados há quatro anos.
"Depois de um acidente com criança sempre existe um adulto que se considera culpado ou que é considerado assim pelos outros. É necessário reconstruir o ambiente familiar". Para isso, terapias em grupo, que ocorrem de maneira semelhante às reuniões dos alcoólicos anônimos, promovem a integração e o contato entre pessoas que viveram os mesmos problemas, para, assim, tentar superá-los.
Além disso, trabalhos como de recolocação profissional e maquiagem corretiva auxiliam o paciente e sua família a encararem melhor as seqüelas de uma queimadura.
"Uma mãe que achava sua filha muito bonita, vê a criança com certa repulsa depois que uma queimadura atinge o seu rosto. Não podemos recriminar essa mãe, porque a maioria das pessoas encontraria esse problema. Assim, ensinamos a maquiagem corretiva para aqueles pacientes que não podem operar a cicatriz ou não querem, para facilitar tanto a sua readaptação, quanto a dos outros que o cercam", explica.
Com todas as parcerias estabelecidas para os projetos, o núcleo precisa de R$ 15 mil para se manter mensalmente, recurso que ainda não chega com muita regularidade. "Conseguimos parceiros para projetos específicos, mas não para os recursos rotineiros", diz.
Um exemplo dessa realidade foi a construção da nova sede da ong, finalizada em dezembro de 2005. "Reunimos 35 arquitetos e decoradores que cuidaram de cada ambiente da casa, onde hoje trabalham quatro funcionários regulares que são auxiliados por menos de 10 voluntários esporádicos".
Fonte: Aprendiz
Valeu!
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